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Será apenas um “tique” ou meu filho pode ter Síndrome de Tourette?

Embora a síndrome de Tourette seja pouco conhecida, ela não é incomum. Segundo o centro de controle de prevenção de doenças (CDC), 1 em cada 360 crianças recebe esse diagnóstico.

A síndrome de Tourette é um transtorno Neuropsiquiátrico, caracterizado por tiques verbais e motores, ou seja, a pessoa com essa doença faz movimentos e sons de forma repetitiva e involuntária.

Para que o paciente se encaixe no perfil da síndrome, é necessário haver mais de um Tique motor e pelo menos 1 tique verbal, antes dos 18 anos e que esses estejam presentes por pelo menos 1 ano na vida da criança (mesmo que variando a frequência).

Quando criança geralmente há muitos tipos de intervenções tentando corrigir o comportamento, o que na maioria dos casos faz com que na fase adulta esses tiques sejam, em alguns casos, mais controlados. Mas é importante ressaltar que a condição é crônica, portanto, não há cura, apenas amenização dos sintomas com acompanhamento terapêutico.

Quais tipos de tiques devo observar?

Os tiques motores são caracterizados por serem rápidos e involuntários, como por exemplo piscar, franzir a testa, encolher os ombros e podem chegar a ser mais notáveis com caretas ou com movimentos mais bruscos dos membros.

Os tiques vocais, são sons não articulados, como latir, fungar ou pigarrear e em alguns casos podem chegar a dizer palavras completamente fora de contexto que está vivenciando.

Em alguns casos (mais raros), pode acontecer a Coprolalia, que é quando os tiques incluem a fala de palavrões de maneira incontrolável e podem até mesmo chegar a fazer gestos obscenos, que é a chamada Copropraxia. E assim como no TEA (autismo), pode acontecer a Ecolalia, que é a repetição de sons, palavras ou frases ditas por outras pessoas.

Talvez você esteja pensando: mas quem não pisca ou mexe as mãos? Ou tem aquela mania de coçar a garganta? Esse é um grande diferencial em pessoas que possuem a síndrome, os movimentos e os sons passam a acontecer de forma tão repetitiva, que fica praticamente impossível não notar que há algo diferente com aquela criança. Ou até mesmo podem ser feitos ao mesmo tempo, como por exemplo: fungar e virar a cabeça.

Cada caso tem seu perfil e grau de intensidade, por isso os sintomas variam de paciente para paciente. Lembrando que o tique pode mudar de tempos em tempos e de forma imprevisível, além de termos que levar em consideração que questões emocionais como estresse, ansiedade, euforia e nervosismo podem interferir de maneira acentuada na intensidade dos sintomas.

Meu filho faz isso de propósito?

A resposta é não. E nem acontece, porque a criança quer chamar a atenção.

E você pode estar pensando: mas quando ele está levando uma bronca não para com os tiques que ele já tem sempre, ou até o faz mais vezes, como se estivesse provocando.

Como já dissemos os sintomas acontecem de forma involuntária, como tossir, espirrar ou se coçar. Mas no caso de pacientes com a síndrome, eles acontecem devido a sinais “confusos” que o cérebro manda para o corpo e numa situação de bronca ou de ameaça, com certo grau de estresse pode ficar mais intenso.

Como pode ser feito o diagnóstico?

O paciente na maioria dos casos, chega ao psicólogo pois, os pais tem uma queixa de que o filho está com um tique incontrolável há meses, e que eles já foram a comportamentos extremos como tentar acolher quando os sintomas aparecem, a dar broncas, castigos e punições ou até mesmo ignorarem o comportamento, mas nada resolveu.

Um profissional preparado, busca entender a queixa atual e junto da família vai levantar hipóteses do que pode estar acontecendo, mas certamente com este tipo de comportamento descrito acima, as possibilidades de Síndrome de Tourette precisam ser investigadas.

Como os sintomas muitas vezes passam despercebidos, principalmente em casos mais leves, muitas vezes infelizmente o diagnóstico é feito de maneira tardia. O que faz com que essa pessoa tenha muito sofrimento com preconceitos na escola, no trabalho e até mesmo na própria família.

Muitos pais, sem saber do que se trata, acreditam que o filho esteja sendo desrespeitoso com a família, os professores e os amigos. Esta criança, pode chegar a ser punida por uma atitude que ela não tem controle ou ainda a um isolamento social.

A síndrome afeta a aprendizagem?

A resposta é não, caso ela venha sozinha. Ou seja, se a criança tiver apenas síndrome de Tourette, sem nenhum outro tipo de comorbidade, ela tem suas habilidades cognitivas preservadas.

Ainda segundo o CDC, 86% das crianças com Tourette possuem algum outro transtorno mental ou do desenvolvimento, sendo mais comuns entre eles, o TEA (autismo), TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) e o TOC (transtorno obsessivo compulsivo).

O que geralmente acontece, quando a criança tem apenas Tourette, é que ela pode ser mais lentificada, principalmente se o ambiente escolar, for um local de estresse, pois imagine que enquanto ela faz a lição, acontecem muitos movimentos involuntários, que a fazem parar por alguns segundos, ou que ela emita sons involuntários chamando a atenção da sala. Portanto, o tempo que uma criança comum leva para fazer uma tarefa ou uma prova, não é o mesmo para uma criança com Tourette.

O tratamento

Como já dissemos, é uma condição crônica, portanto sem cura.

Não há um medicamento específico para a síndrome, mas há medicamentos que podem ajudar nos sintomas, alguns médicos optam por receitar antidepressivos.

Mas uma ferramenta indispensável e eficaz nestes casos, é a Psicoterapia, especializada para este tipo de comportamento como a Terapia Cognitivo Comportamental, que pode auxiliar no controle dos impulsos que causam os tiques.

É muito importante não deixarmos de valorizar a participação e apoio da família e da escola. Esta criança precisa de compreensão, de acolhimento e de sentir-se protegida e amada. Portanto caso seu filho tenha sintomas parecidos, não hesite em buscar ajuda profissional e se você for professor de uma criança com este perfil, convide a família para melhores esclarecimentos e faça os encaminhamentos adequados.

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