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Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) ou Distúrbio do Processamento Auditivo “Central” (DPAC)?

Talvez você já conheça sobre TDAH (clique aqui), ou por ter contato com alguém com esse diagnóstico ou por já ter visto nos textos que publicamos aqui no Neuras da Mamãe, mas você já ouviu falar em Distúrbio do Processamento Auditivo “Central” (DPAC)? Sabia que essas duas condições podem ser confundidas ou que podem vir juntas (comorbidade)?

Em nossa prática clínica é comum vermos queixas de suspeita de TDAH e muitas vezes os pais chegam com certeza de que já sabem o que seu filho tem, porém para nos ajudar em nosso trabalho sempre solicitamos o Exame do Processamento Auditivo Central (PAC) e isso nos ajuda muito no momento de levantar uma hipótese diagnóstica mais precisa.

O que é Processamento Auditivo?

O estudo do Processamento Auditivo é uma área específica da Neuroaudiologia. Processar auditivamente caracteriza-se em discriminar e inibir os sons que não são importantes e ressaltar os mais significativos. E ainda distinguir de qual lado está o som (direito ou esquerdo), perceber sons (se são parecidos, iguais ou diferentes), conseguir processar o som de acordo com o tempo em que ele acontece e escutar diversos sons ao mesmo tempo. Todo esse conjunto de habilidades forma o que chamamos de Processamento Auditivo.

Por que é importante conhecer o PA(C)?

As crianças que apresentam dificuldades para aprender na escola ou crianças que mostram ter dificuldades para compreender um diálogo, podem ter Distúrbio de Processamento Auditivo (DPAC), e é extremamente importante que isso seja identificado para que a criança não tenha prejuízos no contexto escolar, mas também que não tenha problemas nos seus relacionamentos sociais, pois isso pode prejudicar sua compreensão auditiva de informações.  Crianças com DPAC irão apresentar prejuízo de Atenção, Memória, podem apresentar trocas fonéticas (letras com som parecido), dificuldades de leitura e escrita, problema de discriminação auditiva, entre outras.

Mas o DPAC acontece sozinho?

O Distúrbio do Processamento Auditivo (DPAC) pode acontecer de forma isolada, porém é comum que ele aconteça com quadros de Deficiência Intelectual (DI), Transtornos de Linguagem, Transtornos de Aprendizagem como a Dislexia e até mesmo em pacientes com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e neste último é comum em 40% a 50% dos casos.

Por isso, quando se tem um paciente com hipótese de diagnóstico de TDAH, é fundamental investigar o DPAC. Mas é importante ressaltar que o DPAC não é critério de diagnóstico de TDAH, mas como já citamos anteriormente, pode vir como comorbidade.

É possível confundir DPAC com TDAH?

Sim, é comum que haja uma confusão entre esses dois transtornos, pois ambos levam a alterações similares:

  • Atenção auditiva;
  • Memória auditiva;
  • Trocas Fonéticas;
  • Problemas de Leitura e Escrita;
  • Discriminação Auditiva.

Mas há algumas características que nos permitem diferenciar o TDAH do DPAC.

O paciente com TDAH tem uma desatenção espacial, uma distração dentro dos próprios pensamentos, é mais visual ou sensorial, além de que a memória no TDAH tem afetação mais operacional, onde as memórias visuais e espaciais são mais prejudicadas. Além dessas características, as crianças com TDAH tem desorganização motora e espacial, são hiperativas e inquietas, o que não é esperado em crianças que tem apenas DPAC.

As crianças apenas com o Distúrbio de Processamento Auditivo, não apresentam dificuldades na organização e no planejamento, não tem um comportamento procrastinador e não apresentam dificuldade para regular seu humor e seu comportamento.

O que posso fazer se desconfio que meu filho tem DPAC?

Nesse caso é importante encaminhar a criança para a avaliação adequada do Processamento Auditivo com a fonoaudióloga, porém é extremamente importante não descartar que possa haver em conjunto ao DPAC o TDAH, para isso seria necessário considerar também a importância de uma boa avaliação neuropsicológica para poder descartar se há ou não sintomas de outros transtornos presentes.

Portanto, após ser submetida ao exame correto, caso a criança seja diagnosticada com apenas DPAC ou até mesmo tenha esta como comorbidade de outro transtorno, é necessário que o paciente faça a terapia com fonoaudiólogo para tratar as habilidades afetadas e ter um melhor aproveitamento das intervenções para uma melhor qualidade da aprendizagem.

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