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Birra, você já passou por isso?

Todas as pessoas que convivem com crianças, sabem o que são as birras, mas nem sempre tem ideia do que realmente significam.

É comum vermos crianças que choram para conseguir as coisas, que se jogam no chão, fazem escândalo, batem os pés em forma de protesto e podem até chegar a se machucar, como forma de comunicação incontrolável e impulsiva. E muitas vezes elas decidem fazer isto em lugares públicos, não é mesmo?

A birra é um comportamento natural, ou seja, instintivo das crianças que vai em busca de realizar o seu desejo e comunicar uma necessidade.

Como funciona no cérebro?

O cérebro infantil ainda não está 100% desenvolvido na primeira infância (dos 02 aos 07 anos). Ou seja, quando nascemos, nosso cérebro não está totalmente completo. Uma importante área que ainda não está desenvolvida nesta fase e justifica muito dos comportamentos de birra é o neocórtex (parte superior da massa cinzenta), esta parte do cérebro é responsável por aspectos importantíssimos como pensamento analítico, solução de problemas e o planejamento (o que nós chamamos de funções executivas).

A birra infantil atua como se a parte mais primitiva do cérebro fosse acionada, entretanto o que vale reforçar aqui, é que a birra pode não ser apenas uma pirraça diante de uma frustração qualquer, mas pode ser a forma da criança manifestar algumas emoções, como medo, raiva e até apreensão frente a uma situação.

Como as birras começam?

Bebês aprendem a conseguir as coisas chorando, pois está é a única forma que tem de dizer que precisam de algo. Basta eles chorarem, para alguém trocá-los, amamentá-los e atenderem (ou tentarem entender) suas necessidades.

Mas o ponto fundamental, é que as crianças crescem, e muitas vezes este comportamento de chorar para conseguir o que querem, não vai embora. Então porque continuam? Simplesmente porque na maioria das situações funciona!

Aprofundando um pouco mais, podemos levantar hipóteses pelos motivos que estas birras acontecem e pensando pela ótica de que a criança pequena não domina a linguagem verbal ainda, e não sabe como lidar com as situações adversas da vida, ela não tem repertório para contornar as situações e por este motivo, encontra na birra, a forma de chamar a atenção para algo que ele (a) não está gostando.

Quando ela não deve mais existir?

É fundamental reconhecer quando a birra é excessiva (não há um número limite de birras dentro da faixa etária habitual que é até os 4 anos), porém, quando a criança passa da fase comum de apresentar este tipo de comportamento, os pais precisam se atentar sobre a possível existência de algum transtorno de neurodesenvolvimento, como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), pois estes costumam ter episódios de birra como sintoma. No caso de TOD, por exemplo, as crises tendem a ser mais frequentes e até mais sérias com o passar dos anos.

Para o desenvolvimento infantil adequado, é fundamental que a birra seja eliminada.

O que fazer diante das birras?

Quando as crianças fazem birra, choram ou gritam, é comum que sejam atendidas pelos adultos, o que reforça este mau comportamento. A criança assimila: “sempre que eu chorar terei o que eu quero”, e desta forma, não há motivos para modificar o comportamento, já que o desejo da criança é atendido, apesar do comportamento não aceitável.

Quando a criança chora e grita, ela não está desenvolvendo a sua comunicação, pois os pais se desesperam e a atendem prontamente. O que faz com que ela não perceba necessidade em desenvolver a linguagem ou em entender seus sentimentos.

Muitas crianças são espertas ao ponto de manipularem os adultos, com ameaças de choros, gritos ou de se jogarem no chão em lugares públicos. Se ela é capaz de perceber o desequilíbrio emocional que causa nesse adulto a cada birra, e o quanto ela se beneficia disto, choros, gritos, chutes e atitudes deste tipo, então, essa passa a ser a única forma que ela usa para se comunicar, mesmo ela já tendo idade para conversas e entendimentos de certas situações.

Em uma situação deste tipo mantenha a calma, afinal o adulto da situação é você e o controle deve estar em suas mãos. Explique para a criança que não vai adiantar pedir algo com este descontrole. O ideal é sempre expor a criança quais opções ela tem naquele momento e deixar claro que o choro não é umas delas. Portanto, tente acalmar a criança na medida do possível e estimule o diálogo. Talvez dizer: “não entendo o que você quer dizer quando está gritando desse jeito. Eu vou esperar você se acalmar para conversarmos”, pode ser uma boa maneira de iniciar uma conversa.

Se isto não for possível, saia do ambiente, se afaste, espere ele (a) se acalmar e então retome o contato.

Além disto, não dê broncas e não brigue, pois, qualquer tipo de interação neste momento pode servir como um reforço, já que brigar e dar bronca, também é um tipo de atenção ao comportamento inadequado que a criança está emitindo. Assim que a criança se acalmar, explique que ela estava agindo de maneira inadequada e que há outras formas de expressar seus sentimentos.

Apesar de sabermos que muitos pais sentem vergonha e certo incômodo com as birras, não ceda ao comportamento inadequado do seu filho (a), apenas pelo fato de estar em ambiente público, pois a criança irá aprender que nesses casos o seu comportamento lhe dará o que deseja em qualquer ambiente.

Contar com um psicólogo infantil nestas horas é sempre uma boa ideia, já que o profissional poderá instruir a todos como lidar nas situações mais adversas que vierem a surgir.

O mais adequado em casos de birras, continuam sendo tratamentos psicológicos em que a criança aprenda uma nova estratégia, uma outra forma de se comunicar e expressar o que quer, sem gritos, birras e escândalos.

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